Última alteração: 2019-07-16
Resumo
De acordo Maria Cristina Bruno (2015), Curadoria é um conceito com larga e difusa aplicação que busca referendar constatações, possibilitar esclarecimentos, lidar com tensões dentro do espaço museal, levando em consideração o acervo, o contexto em que foi coletado e o espaço que hoje ocupa na exposição. Define, ainda, que o conceito está em constante transformação ocupando, hoje, cenários não só frequentados por Museólogos como também por campos profissionais diversos que, nas ações museológicas impulsionam a experimentação com a valorização da participação comunitária impactando em novos modelos de processos museológicos como os museus comunitários e os ecomuseus.
O Museu do Homem do Nordeste- Muhne, da Fundação Joaquim Nabuco nasceu da fusão de três outros museus: o Museu de Antropologia (1961-1978), o Museu de Arte Popular (1955-1978) e o Museu do Açúcar (1963-1978). Criado em 1979, reúne coleções caracterizadas pela heterogeneidade, apresentando peças requintadas, das ricas famílias dos senhores de engenhos; ao lado de objetos muito simples, de uso, ainda hoje, no cotidiano das classes menos favorecidas.
A exposição de longa duração “Nordeste: territórios plurais, culturais e direitos coletivos”, do Muhne, inaugurada em 2008, teve como ponto de partida o debate sobre o conceito socioantropológico desse Homem do Nordeste e suas representações histórico, social e étnico-cultural. Museu é um território simbólico de poder político, cultural e social, ao produzir e veicular informação. Ao abrir espaços representativos para frações identitárias, grupos étnicos e movimentos sociais, o Muhne coloca-se frontalmente contra a pedagogia do consenso e decide sob quais registros e suportes fará seu discurso que, por vezes, podem implicar em aspectos ideológicos e éticos.
Naquele momento, o Muhne assinalava sua adesão formal à Museologia Social através do discurso expositivo, colocando em disputa os diversos cenários da vida cultural e social da região Nordeste do Brasil, onde está inserido. O desenvolvimento de um projeto para a nova exposição foi o ponto de partida para repensar o Museu do Homem do Nordeste como um todo. Em 2017 essa exposição foi ampliada com inclusão de novos acervos e textos que dessem conta de trazer a representatividade desta Região para a contemporaneidade. Após quase oito anos da primeira montagem, em 2017 a exposição “Nordeste: territórios plurais, culturais e direitos coletivos” foi revisitada.
A análise da trajetória da Curadoria expositiva do Muhne, seu simbolismo,acervo, discurso, contextos sociais nesses diferentes momentos de sua história é o tema do trabalho ora submetido.