No dia 16 de julho de 1972, cinco cearenses partiram de Fortaleza, à bordo da Jangada José Lima Verde, em direção à Ilha Bela, São Paulo. Era plena ditadura militar, os destemidos José Eremílsom Severiano Silva e José Maria da Silva, ambos pescadores, junto com os três escoteiros-do-mar Edmilson Sales Silva, Benedito Lopes de Sousa e Aristófanes Bilac de Carvalho, tinham como objetivo oferecer a jangada ao Presidente Emílio Garrastazu Médici, em homenagem ao sesquicentenário da independência do Brasil. Este era, ao menos, o pretexto para a viagem, uma vez que para os jangadeiros o que ela realmente representava era a esperança de melhores condições de vida. Eles queriam atrair a atenção de Médici para as dificuldades enfrentadas pelos de seu ramo e conseguir que pescadores tivessem o mesmo direito à aposentadoria que trabalhadores normais, além de trazer um destaque nacional ao Ceará. Após esta viagem, a jangada foi doada pelo Presidente Médici ao Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Em 1984, a embarcação foi requisitada pelo Museu do Homem do Nordeste, no Recife, sendo exposto em lugar de destaque, na entrada da instituição. O presente artigo tem o objetivo de traçar a biografia da Jangada José Lima Verde, partindo dos preceitos apresentados por Maria Margaret Lopes (2008), a partir das fases estabelecidas por Samuel Alberti. Acreditamos tomando como objeto de estudo a embarcação, podemos tratar da história e memória institucional dos dois museus ao qual pertenceu, Museu Histórico Nacional e Museu do Homem do Nordeste. A pesquisa se fundamentou em documentação manuscrita e iconográfica pertencente as duas instituições. O artigo foi também pensado como uma contribuição aos estudos realizados no âmbito das comemorações dos 40 anos de criação do Museu do Homem do Nordeste (1979-2019).