Os museus fazem usos do passado para alicerçar seus direcionamentos discursivos. É possível mapear intenções discursivas na disposição de segmentos de acervos em uma narrativa expositiva, independentemente da diligência que orienta sua produção.  Dessa forma, pode-se afirmar que os objetos constroem o sentido da exposição, ao mesmo tempo em que a exposição direciona os sentidos para os objetos, configurando, nessa relação de reciprocidade, uma representação histórica especifica. Nota-se, portanto, que o olhar analítico para esta relação tem um potencial metodológico para o estudo das exposições, sobretudo, para o entendimento do jogo de memória e esquecimento efetivado pelos museus quando estes escolhem determinados  passados que se apresentam adequados aos usos ansiados pelo presente. O trabalho tem como amparo uma pesquisa de mestrado em andamento que analisa a narrativa museológica de dois museus da região metropolitana de Belo Horizonte: O Museu de Artes e Ofícios, situado em Belo Horizonte e o Museu do Escravo, que fica na cidade de Belo Vale, há aproximadamente a 80 km de BH. Ambos os museus, em significativa dimensão, tratam de formas diferentes o passado do trabalho e de suas relações. A dissertação tem como um dos objetivos analisar o papel desempenhado pelos objetos na efetivação dos respectivos discursos expositivos. Nesta perspectiva, vários matizes serão considerados para decodificar a (re)significação dos objetos no contexto expositivo, tais como, as motivações para a criação do museu; a trajetória da instituição; a conceitualização expográfica; o alinhamento da exposição com as sustentações historiográficas; e,  a espacialização dos objetos na trama narrativa. Para isso, a contribuição interdisciplinar dos estudos de cultura material é indispensável, uma vez que possibilita um questionamento mais denso sobre o papel do objeto em contexto expositivo. Em particular, se analisa a finalidade heurística dos objetos museológicos, condição sine qua non para que a cultura material tenha um status proeminente como  documento  científico.