Última alteração: 2019-06-02
Resumo
Entre os séculos XIX e XX, a cidade de Belém- PA vivia o auge de um período de transformações socioeconômicas e culturais, que influenciaram na importação de um modelo europeu de sociedade, denominado “Belle Époque”. Delimitado pelo apogeu do ciclo da borracha na Amazônia, que propiciou construções de prédios públicos, monumentos, praças e esculturas públicas urbanas. Escultura urbana significa monumentos instalados em espaços públicos e patrocinados pelo estado que narram um fato ou adornam o ambiente. Esse tipo de esculturas comemorativas e educativas foi a corrente principal da prática da arte pública desde o período medieval até o século XIX na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, este movimento teve inicio em 1862 com a inauguração da Estátua Equestre do Imperador D. Pedro I, na Praça Tiradentes do Rio de Janeiro, seguindo o modelo francês desenvolvido no período da revolução francesa. Esses monumentos fazem parte da memória coletiva, celebra temas e personagens ligados às estruturas de poder e à própria história do Estado e do País. Localizadas, em geral, em praças públicas, as estátuas compõem a função do lugar como locais de convívio social, contemplação e lazer. Essas esculturas integram a categoria de monumentos intencionais e possuem elementos essenciais que cumprem uma função de rememoração. Porém, em razão da ausência ou ineficiência de políticas públicas de preservação ou valorização destes bens, os significados e o que eles representam podem passar despercebidos pela população, ou até mesmo terem sua intencionalidade confundida com a de outros monumentos. Desse modo, foram analisadas cinco esculturas, de artistas italianos, francês, belga e português, pertencentes ao período de 1882 a 1906, localizadas na cidade de Belém com enfoque na identificação dos valores que lhes são atribuídos, com base na teoria de Riegl e Viñas. A atribuição dos valores depende da sociedade que os legitima em âmbito coletivo, embora não sejam permanentes, são essenciais para conservação do patrimônio. Além disso, qualquer transformação no patrimônio afeta as características intrínsecas ao objeto e altera a relação desses monumentos históricos, que são parte integrante do patrimônio paraense, com a sociedade, bem como seus valores.