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Direito as memórias: interlocuções indígenas com a museologia e o museu
Última alteração: 2019-06-02
Resumo
“Então. Se o museu é o lugar onde as memórias vivem, a museologia é as estradas por onde os indígenas cruzam e fazem as memórias...”. Assim sugeriu um sábio pertencente ao povo indígena kaingang, depois de me ouvir dissertar timidamente sobre museus e museologia. A proposta para essa comunicação, nasce sobretudo, dessa conversa que aconteceu em 2018, durante minhas pesquisas de Pós-Doutoramento em Museologia, na linha de pesquisa Teoria e método da gestão patrimonial e dos processos museológicos e o projeto Estudos sobre comunicação, público e recepção do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Museologia da USP. Viso discorrer sobre os processos de produção de memórias e salvaguarda delas, conforme os sábios (as) pertencentes ao Povo Indígena Kaingang do sul do Brasil atual entendem, ao pensar interlocuções entre a cultura, costumes indígenas com museus e museologia. O diálogo sobre museus e museologia junto as comunidades indígenas no sul do país, é bastante recente, porém, é uma discussão que vem por parte dos indígenas, tomando forma e proporção e alia esses dois campos do conhecimento, ao campo do Direito e da Educação. Pensamos nesse contexto indígena, a ideia de processos de produção de memória e salvaguarda, como processos de ensino, aprendizagem e socialização, ou seja: museus, o lugar onde as memórias vivem. Museologia, os processos pelos quais as memórias são forjadas e também ensinadas. Nesse sentido, quais os processos educativos que culminam para salvaguarda das memórias no museu? Ao salvaguardar memórias, pensa-se em museus no campo dos direitos indígenas, direitos de acesso a elas, de disseminação, manutenção dos saberes, da cultura indígena. Ao pensar museus como um direito, reforça a museologia no campo do ensino e da aprendizagem é, portanto, conforme entende o sábio: o processo por onde as memórias são feitas para depois serem apresentadas como aquilo que é nosso costume, da cultura do indígena. O estudo, sobretudo, lança luz as concepções indígenas de museus e museologia e para possibilidades do ensino da museologia para indígenas. A contribuição da pesquisa volta-se à constituição do ensino da museologia em espaços e povos ainda pouco explorados e, quais os desafios na perspectiva, fazer com o ‘outro’, traz para o campo da Museologia no presente. Os referenciais teórico-metodológicos para este trabalho estão embasados na própria filosofia ameríndia (ainda que não reconhecida como tal por parte de estudiosos ocidentais e exemplificada em Leopoldo Zea, José Maira Arguedas, Estermann e outros).
Palavras-chave
Museu; Kaingang; Indígenas; Memória; Patrimônio