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A CASA DA MEMÓRIA DA REDE FITOVIDA: estratégias de salvaguarda de grupos comunitários de saúde
Lucieni Menezes Simão

Última alteração: 2019-06-30

Resumo


A Associação de Amigos da Rede Fitovida foi fundada em 2008 e é o resultado de um processo de formação em rede entre grupos comunitários de saúde desde 2000, e busca, há mais de dez anos, o Registro de suas práticas enquanto Patrimônio Imaterial junto ao IPHAN. Em 2004, alguns integrantes desta Rede tiveram acesso ao Decreto 3.551/2000, que institui o Registro do Patrimônio Imaterial. Após algumas reuniões com integrantes do IPHAN, uma comissão da Rede assinou um Termo de Cooperação para produzirem o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) da Rede Fitovida, que se encontra em etapa de conclusão. Esta é a única experiência de autoinventariamento, ou seja, de levantamento, identificação e documentação de práticas culturais feita exclusivamente pelos detentores, até o presente momento. Com o objetivo de acessar políticas públicas por meio de editais, a Rede Fitovida passou a se constituir em uma associação sem fins lucrativos, a Associação de Amigos da Rede Fitovida, com CNPJ, sede própria, diretoria, conselho fiscal e toda a estrutura institucional de uma organização não governamental. Com isso, conquistou financiamento para um novo projeto: a Casa de Memória da Rede Fitovida, um ponto estadual de cultura, aprovado a partir de um edital da Secretaria Estadual de Cultura e inaugurada em março de 2011, no município de Belford Roxo. A Casa de Memória da Rede Fitovida é um centro de referência para os grupos comunitários de saúde articularem ações de salvaguarda sobre seus conhecimentos e práticas relacionados ao uso das plantas medicinais. A Casa de Memória, portanto, é a materialização de uma longa trajetória de articulação desses grupos na busca de reconhecimento dos saberes sobre usos terapêuticos de plantas medicinais como um Patrimônio Cultural Imaterial. Desde sua inauguração, em 2011, foram realizadas oficinas de remédios caseiros, artesanato em jornal, curso de audiovisual para os jovens, em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura, feira da Cultura na Semana do Meio Ambiente, com oficinas e exposições. Em 2012, com o recurso advindo do Prêmio Ponto de Memória, foram realizadas atividades no espaço da casa da memória, como a realização da Feira da Cultura, com oficinas de remédios caseiros, debates e exposições de artesanato. Houve apresentação de bandas, hip hop, capoeira e da ala das baianas da Escola de Samba Inocentes de Belford Roxo. Entre os anos de 2013 a 2018 foram realizadas oficinas de remédios caseiros, de doces caseiros, além de organizadas outras edições da Feira de Cultura e Saúde na Semana do Meio Ambiente. Em todos os ambientes da casa da memória estão afixadas nas paredes fotos das referências culturais, que fazem parte da exposição permanente do acervo do inventário da Rede. Este trabalho busca analisar as atividades desenvolvidas neste espaço, buscando refletir e problematizar a constituição de seu acervo e seus modos de exibição.


Palavras-chave


Casa da Memória; Patrimônio Imaterial; Salvaguarda; Comunidade; Saúde