SEMINÁRIO BRASILEIRO DE MUSEOLOGIA - SEBRAMUS, 4 Sebramus

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Participação Social em museus: reflexões a partir de experiências no Museu do Homem do Nordeste
Silvia Gonçalves Paes Barreto

Última alteração: 2019-07-16

Resumo


A noção de participação social, no debate sobre o aprofundamento da democracia, tem sido entendida como envolvimento da sociedade nas deliberações e nas decisões acerca de políticas públicas. A participação depende de mobilização social e de mecanismos estruturados que viabilizem o diálogo efetivo dos cidadãos com o poder público.

O Brasil,  após a constituição de 1988, viu crescer, especialmente nos governos populares o estimulo à participação nas politicas públicas por meio mecanismos como as conferencias e conselhos voltados para a criação de regulações específicas e à implementação e fiscalização dessas politicas. No caso da cultura, houve a implantação do Sistema Nacional de Cultura, e dentro  desta a criação da Politica Nacional de Museus. Mesmo sendo reconhecidamente um grande esforço de criação que visa regulamentar e apoiar os museus brasileiros, o proposto no sistema e na PNM ainda carece de ser acolhido por boa parte dos museus no Brasil.

No nível das instituições museais, o sentido de participação social tem sido aplicado para qualificar processos colaborativos entre essas instituições  e grupos ou populações de referência de seu acervo. Curadorias colaborativas, que além de ampliar os temas, diversificar abordagens, tornam essas instituições mais sensíveis à voz das pessoas cujas culturas são representadas em suas exibições. Menos comum e mais complexa é considerar a participação social nas definições quanto ao que adquirir e conservar, e outros níveis de participação na gestão.

Na maioria dos museus brasileiros sequer temos uma gestão colegiada entre seu próprio corpo de funcionários, e que em muitos permanece uma cultura baseada na hierarquia entre um ou mais especialistas, curadores, ou coordenadores, e o corpo de funcionários alijado das decisões fundamentais. No Museu do Homem do Nordeste a realidade não é diferente. No entanto, algumas ações que vem sendo realizadas, ao serem observadas sob as lentes do aprofundamento da democracia, podem refletir uma sensibilização paulatina da equipe à necessidade crescente de ouvir e abrir-se ao dialogo com diversos públicos.

Olhar para as experiências que, mesmo não estando enunciadas em programas nem declaradas como projetos permanentes, mesmo sem contar com financiamento específico para que ocorram, ocultas nas atividades de rotina dos educadores e demais servidores, e mesmo sem mecanismos de participação estruturados, possam estar atuando na sensibilização dos públicos interno e externo quanto à necessidade de abertura do museu ao diálogo e à colaboração, para lidar com um espectro mais amplo e diverso de temas e questões urgentes. Essa é nossa hipótese.

Refletiremos sobre se essas ações, observadas a partir de 2015, conseguem produzir impacto e transformações no museu, seus limites e possibilidades, e se vem ocorrendo acúmulo de conhecimento que possa ser compartilhado e reproduzido no futuro, dentre outros aspectos.


Palavras-chave


Museus; Participação Social; Museu do Homem do Nordeste