Última alteração: 2019-08-06
Resumo
A necessidade de trazer à tona a história silenciada das comunidades indígenas, particularmente os guarani MBYA, levou-nos a compreender a insuficiência do conhecimento presente nos cursos de formação, principalmente de museólogos e pedagogos em relação ao tema. Reconhecemos que os saberes indígenas e suas culturas plurais e singulares ao se mesclarem perdem e ganham em seus entrelaçamentos, embora saibamos da importância que conferem às suas tradições espirituais e seus símbolos materiais e imateriais (territorialidade, memória e diversos signos culturais). Ao focalizarmos a “retomada” histórica das tradições orais, a importância dada ao bilinguismo e ao território natural, berço de seus antepassados e de sua convivência comunitária, compreendemos tais dimensões como forma de permanência de seu núcleo identitário, daí a preocupação com os processos de subtração que se fazem presentes na contemporaneidade, cada vez mais cruel regida por desapropriações e extermínio. Assim, Aqui eu quero deixar minha palavra e nossa palavra é a nossa vida que vivemos, rodeada entre riachos, céu limpo e Nhanderu a olhar por todos nós. Afirmação de uma identidade e cultura lembrando ainda nas narrativa que os museus não os representam.
Por entendermos os museus e sua ciência - a museologia, como espaços socioculturais em que se conjugam experiências individuais e coletivas construídas historicamente em meio a um conjunto de valores pleno em negociações, afirmamos a sua imersão educativa na concepção de patrimônio cultural e pessoal, formalmente compreendido, como campo de lutas onde se constroem discursos que selecionam, apropriam e expropriam práticas e objetos.Lócus onde a memória como referencia do passado possibilita manter a coesão dos grupos e das instituições que compõe esta comunidades.
Ao nos pautarmos pela indissociabilidade entre extensão, ensino e pesquisa destacamos a educação diferenciada e intercultural, o patrimônio e os museus em suas possibilidades de desenvolver uma educação integral, seguindo a práxis metodológica em seus fazeres: (a) formar mediadores e público a partir de situações socioculturais concretas nos museus; (b) compreender as culturas ancestrais e suas relações articuladas às necessidades educativas; (c) entender os museus como espaço de reflexão sobre a importância pedagógica e ética de trazer à vida social o conviver com das origens, memórias e tradições étnico-culturais de modo a desconstruir toda uma história de desqualificações, preconceitos e discriminações; (d) reconhecer a “força” de uma educação integral efetivada pelos museus para além das visitas contemplativas e ações pedagógicas escolarizantes.