Última alteração: 2019-06-02
Resumo
Este trabalho visa apresentar os resultados parciais da investigação sobre a coleção de “Retratos de Beneméritos e Benfeitores da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (SCMPA)”, acervo guarnecido pelo Museu Joaquim Francisco do Livramento, um dos espaços do Centro Histórico-Cultural. A pesquisa é vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio (PPGMUSPA/UFRGS), sob orientação da Professora Doutora Zita Rosane Possamai. O objetivo do trabalho é apresentar o percurso desta coleção, que em seu transcurso temporal, apresenta diferentes lógicas de reconhecimento e valoração. A primeira fase, ocorre entre 1830 à 1950, momento onde as telas eram confeccionadas e expostas no Salão Nobre da Irmandade como ‘monumentos de gratidão’ à aqueles que contribuíram financeiramente com as obras sociais da Santa Casa. O segundo ciclo ocorre entre os anos de 1950 à 1970, devido à mudança de paradigma referente a cooperação pecuniária com o assistencialismo hospitalar, e assim, os retratos deixaram de serem amplamente confeccionados. A terceira fase, inicia-se a partir da década de 1970, quando o professor do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ado Malagoli, ressignifica os retratos como documentos que testemunham a arte e a história do Estado. Nesta ocasião, Malagoli seleciona 22 telas e as encaminha à Universidade com vistas de restauro. Após trabalhos técnicos de conservação, por meio de contrato de comodato entre o Theatro São Pedro (TSP) e a SCMPA, as obras são emprestadas e expostas no hall de entrada da casa de espetáculo. Destes retratos, dois deles - o de Lopo Gonçalvez e do Visconde de São Leopoldo - foram emprestados pelo TSP ao Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo e Solar dos Câmara. Nestes dois espaços, transcorre o quinto momento, onde os retratos novamente foram ressignificados com outros valores simbólicos. Em 1996, inicia-se a sexta etapa do percurso museal, quando os agentes de preservação da memória da SCMPA “redescobrem” as obras e solicitam o retorno à Instituição, fato que se sucede entre os anos de 1997 e 2000. Após o retorno das obras pictóricas, se inicia o processo de musealização no Museu Joaquim Francisco do Livramento.