Última alteração: 2019-06-30
Resumo
Em 2011, o mundo Árabe e Muçulmano foi sacudido por grandes mobilizações populares que proporcionaram profundas transformações na região geopoliticamente denominada Oriente Médio. Convencionou-se chamar essas manifestações “Primaveras Árabes”, fenômeno que alcançou a Síria no ano de 2011, trazendo consigo o Estado Islâmico, e abrindo um conflito que, de modo geral, é considerado o mais terrível desastre humanitário do século XXI, chegando a contabilizar cerca de mais de 250 mil mortos desde 2011.O país em questão está em meio a grandes rivalidades regionais que fez repercutir o surgimento do mais famoso grupo terrorista da atualidade, o Daesh, ainda que não seja na Síria a sua origem. Este grupo, ao inovar e sofisticar a sua forma de atuação adentrou as cidades históricas no Iraque, no Afeganistão, na Síria, entre outros, lançando mão da destruição de sítios arqueológicos e patrimônios históricos classificados pela UNESCO.
Ao situar a guerra nas disputas geopolíticas presentes na região, desmistifica-se a ideia orientalista, muito presente nas intepretações ocidentais que atribuem a religião todo o peso da disputa. Buscamos superar o estigma religioso com o qual os colonizadores europeus conseguiram carimbar o Médio Oriente, como sendo parte de um conflito essencialmente religioso. Desenvolvo ainda que, Sunitas, Xiitas, Alauitas, Curdos, Cristãos, Maronitas, Drusos e outros grupos religiosos, parecem se movimentar por interesses e muitos objetivos, que passam distante dos dogmas religiosos e das caricaturas orientalistas que definem os árabes e muçulmanos, de um modo geral, como sempre prestes a cometer um atentado terrorista contra o mundo “civilizado”, ou seja, ocidental.
Neste trabalho, pretendemos caracterizar e contextualizar o conflito na Síria e os desdobramentos que levaram à destruição de parte do patrimônio histórico da cidade de Palmira, cidade localizada no nordeste do país. Procuramos compreender pontos fundamentais como a geopolítica global e regional, a questão da proteção do patrimônio em zonas beligerantes, a questão humanitária, e questões referentes à memória como elemento de coesão e unidade nacional do país. Portanto, busca-se combinar um conjunto de temas, de modo a superar o tecnicismo meramente preservacionista dos artefatos, procurando demonstrar a importância da geopolítica para a preservação do patrimônio histórico, em específico da cidade de Palmira.