SEMINÁRIO BRASILEIRO DE MUSEOLOGIA - SEBRAMUS, 4 Sebramus

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Presenças e Silenciamentos nas Representações da Irmandade de Santa Bárbara Virgem no MABS.
Fernando Ferreira Aguiar

Última alteração: 2019-06-30

Resumo


O presente artigo tem por objetivo analisar as representações das lideranças femininas da Irmandade de Santa Bárbara Virgem presentes nas narrativas expostas na sala de exposição intitulada “Sala do Nagô” do Museu Afro-Brasileiro de Sergipe (MABS). Os referidos espaços refletem as relações existentes entre presenças e silenciamentos como mecanismos de comunicação expográfica ou estratégia institucional de apenas registrar a presença de um segmento afro-religioso local, sem possibilitar narrativas de empoderamento das memórias históricas da presença e participação feminina na formação e na  continuidade dessa irmandade centenária, fundada por  africanos  libertos e  que  teve, no  início  do  século XX, mais  precisamente no  ano  de  1911,  a  substituição  das  lideranças  masculinas fundadoras pelo  comando  feminino das  “lôxas”. Todavia, desde a sua fundação, a presença de africanas libertas exercendo atividades na irmandade fora constante, a exemplo de Tá  Joaquina  Maria  da  Costa ( posterior  fundadora  do  Terreiro  Filhos  de  Obá) ,Taketé, Caetana, Lucinda (Ìya Iná – pela  África), Lucrécia, Luiza, Ignácia,Sá  Chica, Calu. Os  silêncios  dessas   narrativas na  concepção  expográfica  acaba  por apenas   a  registrar  sem  informar ,  através  de  imagens  fotográficas, de  forma  factual, pontual, as existência das três  líderes  femininas  da  irmandade  ao  longo  do  século  passado e  início  desse. Refletir esses silenciamentos, na  proposta  desse  artigo, trata-se  antes  de  tudo,  de  uma  forma de  reparação  como  condição  não  só  de  empoderamento  feminino, mas  também, numa  perspectiva decolonial no  campo  museológico,  pensar as memórias dessas  mulheres  africanas  e  suas  descendentes,  suas  subjetividades na  construção  e continuidade  de  suas  tradições  ancestrais através  de  novos  corpos femininos  negros que  passam a  comandar  a  cena  religiosa, exercendo  lideranças  e  mantendo  vivos  os  ensinamentos,  as concepções  de  Áfricas, as  narrativas  nagôs, suas  visões  de  mundo ,  seus  conflitos, o  que  , de  fato  as  tornam  líderes. Pensar os silenciamentos dessas memórias no MABS, apesar da presença e existência de um  módulo  e  de  uma  sala dedicada  ao  nagô  sergipano é  o  que  propõe  , como  forma  de  contribuição ao  museu, à  memória, mas  também  repensar  e  discutir do  ponto  de  vista  teórico  conceitual a  relação  existente  entre  presenças  e  silenciamentos  em  espaços  de  memórias.


Palavras-chave


Lideranças Femininas; Irmandade de Santa Bárbara Virgem; Silenciamentos; Museu Afro-Brasileiro de Sergipe.