Última alteração: 2019-06-02
Resumo
Este artigo tem como objeto de estudo a memória do processo de institucionalização do campo de conhecimento da Museologia no Brasil. Nesse sentido, a institucionalização é considerada um processo pelo qual um conjunto de normas, valores, significados, práticas e validações orientam uma atividade social, promovendo a relação de indivíduos em prol dos projetos, discursos e objetivos comuns. Importante destacar que conformações diferenciadas da dimensão acadêmico-institucional dos cursos de Museologia representam vínculos que estimulam discussões mais verticalizadas e explicitam as relações de saber-poder das partes envolvidas na pesquisa. Deste modo, considera-se que o contexto institucional do conhecimento, desenvolvido em determinado momento social e histórico, reflete tanto as transformações quanto os contrastes do campo do conhecimento da Museologia, o que tem levado a estruturas curriculares distintas e, por conseguinte, a diversos perfis profissionais. A institucionalidade do campo museológico como área do conhecimento tem como um dos aspectos mais recorrentes das afirmações das características interdisciplinares como uma demanda da própria prática museológica. De fato, esse pensamento ganha destaque quando observamos as colocações acerca das áreas do conhecimento ligadas às Ciências Humanas e Ciências Sociais, como no caso da Museologia, que possui a interdisciplinaridade como traço característico e centro dos debates para entender tanto a origem quanto as relações que se estabelecem com outras disciplinas. No entanto, aquilo que parece saltar aos olhos muda de ponto de vista quando certos autores apontam a necessidade da autonomia do campo museológico e indicam como obstáculo os limites ainda indeterminados. Dentro dessa perspectiva, podemos sublinhar que a institucionalidade do campo museológico tem como principal característica a complexidade numa contínua disputa de diferentes abordagens. Assim, no que concerne à institucionalização da Museologia pelas agências de fomento à pesquisa, até o presente momento, a área encontra-se no segundo nível da grande área das Ciências Sociais Aplicadas, na qual podemos indicar a formação dos atores acadêmicos como fundamental para compreensão dos diálogos atuais que o campo museológico estabelece com outros campos do conhecimento. Essa área do conhecimento teve um aumento significativo de grupos de pesquisa pela súmula estatística do CNPq no Censo do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, demonstrando concretamente um processo gradativo no aumento da produção acadêmica do cenário museológico no século XXI. Desse modo, torna-se necessário empreender uma averiguação das áreas de formação dos pesquisadores para pensar na relação que se estabelece entre a rede de atores que atuam no campo e a institucionalização do campo.