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O presente trabalho tem como finalidade analisar a apropriação da iconografia de Paul Harro-Harring feita pelos museus que tem como principal temática as mulheres negras que trabalhavam ao ganho no Rio de Janeiro na década de 1840. Por meio dos processos da cadeia de musealização destas ilustrações, objetiva-se estudar em que circunstâncias estas imagens chegaram às instituições museais até serem expostas (ou não) ao público. As gravuras em questão fazem parte de Esboços Tropicais do Brasil da coleção Paul Harro-Harring -- acervo do Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro. A pesquisa compreende as imagens em si e o processo de musealização das mesmas como representações culturais – conceito de Roger Chartier – e, por conseguinte, como construções individuais e/ou das instituições museais em questão. Sob uma perspectiva individual, a observação das escolhas estéticas que Paul Harro-Harring (1798 - 1870) utilizou ao retratar as mulheres negras são relevantes – o artista era vinculado a um jornal inglês abolicionista. Contextualizar o cotidiano das mulheres negras ambulantes no Rio de Janeiro na década de 1840 é necessário para uma compreensão mais ampla da temática principal. Aspectos como gênero, diáspora africana, história da cidade do Rio de Janeiro e referências relativas ao campo da arte também são fundamentais para uma abordagem crítica sobre o tema. As informações acerca da trajetória das imagens – cedidas pelo IMS RJ – são ferramentas das quais o artigo pretende se fundamentar. Tais dados pontuam a chegada da iconografia de Paul Harro-Harring ao IMS RJ e as exposições de que participaram – portanto, auxiliam na compreensão de como as imagens foram a público. O modo como as mulheres negras que trabalharam ao ganho foram representadas na época pesquisada, em oposição a maneira como foram apropriadas as imagens de Paul Harro-Harring pelas instituições museais, proporcionam questionamentos necessários para a Museologia na atualidade.

Musealização; Rio de Janeiro; Paul Harro-Harring, Negras de Ganho; século XIX