SEMINÁRIO BRASILEIRO DE MUSEOLOGIA - SEBRAMUS, 4 Sebramus

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Tramas da memória: O artesanato em lã como patrimônio do Rio Grande do Sul
Letícia de Cássia Costa Oliveira, Ana Maria Dalla Zen

Última alteração: 2019-06-28

Resumo


Este trabalho se propõe a analisar a contribuição do artesanato feminino produzido com lã natural como patrimônio cultural do Estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa inclui uma imersão quanto ao percurso dessa atividade ao longo da história do Rio Grande do Sul e quanto ao papel que exerceu na construção da memória da mulher gaúcha. Além disso, o trabalho focaliza a trajetória do artesanato a partir de sua transmissão de geração em geração, sua inserção no contexto econômico, social e cultural da região, até tornar-se elemento de seu patrimônio cultural. A fundamentação teórica baseia-se nos estudos sobre culturas tradicionais e populares como espaços da gênese do artesanato. Logo, o campo da Museologia Social está sendo utilizado como o lugar possível para análise do processo que se constitui na tríade artesanato, mulher e patrimônio, campo de tensão em que se originaria o objeto museológico. Sendo assim, este saber-fazer da lã natural se caracteriza como referencial cultural do patrimônio imaterial regional. Para investigar os processos de transmissão dos conhecimentos resultantes dessas práticas, foi utilizada a metodologia da Cartografia Pós-estruturalista, na perspectiva de Deleuze e Guatarri, que permitiu construir, nesta pesquisa, um mapa inacabado do artesanato em lã, por meio do registro do percurso investigativo em um diário de campo e da realização de entrevistas. E, por meio dele, buscou-se compreender as relações que se estabelecem a partir da prática do artesanato, o que permitiu trazer à luz questões sobre a identidade, a memória social e a cidadania feminina. Os dados empíricos foram coletados durante a 35o Feovelha, realizada em janeiro de 2019, em Pinheiro Machado, RS, com artesãs do meio rural, com idades que variam entre 20 e 70 anos, as quais trabalham somente com a lã natural produzida em suas propriedades. Os primeiros resultados permitem considerar que a produção de lã, em contextos específicos, se constitui como referência cultural para a comunidade. Assim, é possível concluir que as práticas de artesanato com lã se fortaleceram em consequência da reconfiguração do tempo e do espaço femininos na atualidade, considerando a transformação da mulher como base do sustento econômico e da integração das famílias. Portanto, para a patrimonialização desses saberes e fazeres, é necessário ponderar sobre os novos papéis e espaços da figura feminina nas esferas cultural, social, política e econômica da sociedade gaúcha contemporânea.


Palavras-chave


Museologia Social; Artesanato Feminino; Patrimônio Cultural Imaterial; Cultura Popular