Última alteração: 2019-06-02
Resumo
Parece haver, desde que a museologia existe enquanto campo - tanto museal (prático) quanto museológico (teórico) -, grande esforço em explicar o trabalho prático dentro do museu, bem como a relação que se dá entre essas técnicas e os objetos musealizados, muitas vezes pecando por deixar de lado a necessária busca de um entendimento mais sólido de seu objeto de estudo, que vai muito além das delimitações do que se entende por museu institucionalmente. Diante disso, dá-se o primeiro problema epistemológico da museologia: o de uma área que, após recente classificação como ciência humana e não mais ciência aplicada, viu-se ligeiramente perdida diante da recorrente produção de teoria vinculada ao trabalho prático, contra a urgência em consolidar-se enquanto ciência. Em 1980, já se buscava compreender o lugar epistemológico da museologia, se ciência ou apenas trabalho prático. Como, historicamente, boa parte das ciências humanas costuma surgir a partir de alguma exigência social, problema ou questionamento, é justamente nesse lugar que a museologia encontra-se hoje, fazendo-se necessária a resolução de tais problemáticas. Parte dessas outras ciências humanas também estão presentes nos museus, como por exemplo as ciências sociais e a antropologia, cada uma dentro de suas perspectivas e campos de estudo. Sendo assim, a museologia, mais do que nunca, precisa definir-se enquanto ciência humana, dentro e fora dos museus. Um dos caminhos seria o de buscar compreender-se enquanto campo responsável pelo estudo das relações do humano e seus afetos, sejam eles reconhecidos através de objetos ou outras dimensões possíveis da memória, bem como das diferenças culturais dentre essas relações, visto que muitas das teorias dos objetos, hoje, atendem a afetos puramente ocidentais. Por fim, os tensionamentos entre a museologia enquanto ciência e enquanto técnica parecem, na verdade, tratar-se de uma inversão na ordem dos valores, dado que todo conhecimento técnico costuma derivar, principalmente tratando-se de uma ciência humana, da teoria. O trabalho prático surge como parte e consequência da reflexão teórica, uma resposta em forma de ação, e não como finalidade científica dentro das ciências humanas.