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“MAS O RECIFE TEM TANTA GENTE BONITA...”: O DISPOSITIVO FOTOGRÁFICO COMO TRADUTOR DA LÓGICA DE GENTRIFICATION NO RECIFE ANTIGO.
Última alteração: 2019-07-18
Resumo
A grande ascensão dos centros urbanos no início do século XX evidencia a necessidade de planejamento da cidade e com isso são elaborados processos que visam à modernização desses lugares. Os centros são tomados pelo ideal de ampliação de seu alcance, e de levar as pessoas menos favorecidas para as margens, como um processo de “revitalização”. Em Recife, a visibilidade ocorrida a alguns bairros é alvo de interesses políticos que tem interesses em projetos que visam a “requalificação” dos centros a partir do “enobrecimento” como forma de reocupar o bairro. Esse é o processo de gentrificação dos espaços urbanos. No bairro do Recife, esse processo está atrelado às políticas culturais de patrimonialização como formas de legitimação da preservação do bairro – que é patrimônio tombado. Este trabalho toma como proposta a observação de um dispositivo museal, o Paço do Frevo, e das coleções fotográficas que compõem suas exposições, para analisar o processo de mudança política do bairro. A discussão sobre imagem permite um embate sobre a relação com a autoria, se é o autor quem carrega a fotografia ou não. Esse debate cria importantes questionamentos sobre os museus e os discursos de legitimidade que ele carrega no seu conceito. Quando juntos, tanto a fotografia como obra de arte, quanto o discurso museal, criam arenas ou lugares de confortos para os visitantes. Dentro dessas linguagens, a produção de distinções é formada na própria expografia do museu, que reflete um processo político há muito estabelecido. A análise das coleções fotográficas permite que sejam elaborados questionamentos sobre o lugar do museu nas políticas culturais e de patrimonialização, e do dispositivo fotográfico dentro do museu, que pode traduzir/produzir as distinções sociais que estão nos espaços da cidade que mais se vende os ideais de uma cultura para muitos.
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