SEMINÁRIO BRASILEIRO DE MUSEOLOGIA - SEBRAMUS, 2 Sebramus

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“MAS O RECIFE TEM TANTA GENTE BONITA...”: O DISPOSITIVO FOTOGRÁFICO COMO TRADUTOR DA LÓGICA DE GENTRIFICATION NO RECIFE ANTIGO.
Tatiana Coelho da Paz Bezerra, Francisco Sá Barreto

Última alteração: 2019-07-18

Resumo


A  grande  ascensão  dos  centros  urbanos  no  início  do  século  XX  evidencia  a necessidade de planejamento da cidade e com isso são elaborados processos que visam à modernização desses lugares. Os centros são tomados pelo ideal de ampliação de seu alcance, e de levar as pessoas menos favorecidas para as margens,  como  um  processo  de  “revitalização”.  Em  Recife,  a  visibilidade ocorrida  a  alguns  bairros  é  alvo  de  interesses  políticos  que  tem  interesses  em projetos que visam a “requalificação” dos centros a partir do “enobrecimento” como  forma  de  reocupar  o  bairro.  Esse  é  o  processo  de  gentrificação  dos espaços urbanos. No bairro do Recife, esse processo está atrelado às políticas culturais de patrimonialização como formas de legitimação da preservação do bairro  –  que  é  patrimônio  tombado.  Este  trabalho  toma  como  proposta  a observação  de  um  dispositivo  museal,  o  Paço  do  Frevo,  e  das  coleções fotográficas  que  compõem  suas  exposições,  para  analisar  o  processo  de mudança  política  do  bairro.  A  discussão  sobre  imagem  permite  um  embate sobre a relação com a autoria, se é o autor quem carrega a fotografia ou não. Esse debate cria importantes questionamentos sobre os museus e os discursos de legitimidade que ele carrega no seu conceito. Quando juntos, tanto a fotografia como  obra  de  arte,  quanto  o  discurso  museal,  criam  arenas  ou  lugares  de confortos para os visitantes. Dentro dessas linguagens, a produção de distinções é formada na própria expografia do museu, que reflete um processo político há muito  estabelecido.  A  análise  das  coleções  fotográficas  permite  que  sejam elaborados questionamentos sobre o lugar do museu nas políticas culturais e de patrimonialização,  e  do  dispositivo  fotográfico  dentro  do  museu,  que  pode traduzir/produzir as distinções sociais que estão nos espaços da cidade que mais se vende os ideais de uma cultura para muitos.

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